Durante a semana de 14 a 17 de junho, dirigentes rurais do Mercosul participaram de uma reunião na FAO, em Roma, formalizando a intenção de trabalharem  juntos para a expansão no mundo das boas práticas agrícolas preconizadas pela agricultura conservacionista, estabelecidas pela Declaração de Foz de Iguaçu, em 2003.
     A Federação Brasileira do Plantio Direto na Palha (Febrapdp),associada a Confederação de Associações Americanas para uma Agricultura Sustentável  (Caapas) participou do encontro, demonstrando o sucesso da implantação do sistema  de plantio direto na palha (SPDP) no Brasil, considerado como um dos responsáveis pelos excelentes resultados que a agricultura brasileira tem obtido ultimamente, em termos quantitativos e qualitativos. Experiências de transferência de tecnologias de produtor para produtor, os dias de campo, as alianças estratégicas e sinergia com os demais atores da cadeia produtiva, o alcance a todos os produtores (incluindo os pequenos e os benefícios que estes obtêm), também foram apresentados a FAO, através do modelo brasileiro.
     Para isto, três reuniões realizadas durante o encontro em Roma foram fundamentais para aprofundar o conhecimento do SPDP desenvolvido nas Américas. A primeira se deu com técnicos em desenvolvimento da agricultura conservacionista; a segunda, com especialistas em certificações de qualidade na produção agrícola; e a terceira reuniu consultores em cooperativismo.
     Impressionados com o espírito associativo dos produtores, principalmente dos brasileiros, os técnicos da FAO elogiaram a Federação pela iniciativa de oportunizar a adoção do plantio direto em pequenas propriedades rurais, através do financiamento de máquinas agrícolas à tração animal. Contribuíram também os trabalhos de extensão praticados por órgão públicos brasileiros como o Iapar, a Epagri e a Emater, que levaram o plantio direto ao conhecimento do pequeno produtor, motivando a FAO a pensar em replicar a experiência do desenvolvimento deste sistema para outras partes do mundo.
     Segundo o presidente da Febrapdp, Ivo Mello, o fato da FAO reconhecer a importância do plantio direto como boa prática agrícola, de caráter econômico, eficiente e democrático, abre um espaço para a promoção da competitividade do SPDP através da implantação de um processo de rastreabilidade para certificação das propriedades que cumprem os preceitos do Sistema, diferenciando e valorizando a produção.
     O argentino Roberto A. Peiretti , presidente da Caapas,  abriu o encontro, analisando o impacto da agricultura conservacionista nas propriedades rurais dos países americanos que já adotaram o sistema de plantio direto, como  o México, Chile, Paraguai, Bolívia, Uruguai, Argentina, Estados Unidos, Canadá, além do Brasil.