3                                                     Boletim Informativo da Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha

Monsanto estimula inovações para
dar continuidade ao plantio direto

      Rodrigo Gutierrez, engenheiro agrônomo da Monsanto e gerente de Roundup para o Sul, apresentou no 9º Encontro Nacional de Plantio Direto na Palha as principais  inovações trazidas pelo plantio direto à agricultura nacional. "A chave do sucesso do agronegócio brasileiro é o Sistema de Plantio Direto e sua continuidade depende de inovações", afirmou.
     Em sua palestra, Gutierrez abordou a importância de novas tecnologias dentro do Sistema de Plantio Direto. Segundo ele, elas têm sido a chave para derrubar barreiras como ataque de pragas, controle de plantas daninhas e a disponibilidade de tempo pelo produtor. Entre as novas tecnologias destacadas estão o Manejo Pós-Colheita, que evita que as plantas daninhas se propaguem durante o período entre a colheita de verão e o plantio da lavoura seguinte e o uso do Correntão, uma nova maneira de se incorporar as sementes de coberturas de inverno em substituição à tradicional grade leve. Em substituição à grade, o produtor faz uma aplicação de dessecante e na seqüência distribui as sementes a lanço, incorporando-a através do uso de uma corrente puxada por dois tratores. Dessa maneira, evita-se a perda de matéria orgânica do solo anteriormente causada pela grade leve.
     Gutierrez  abordou também uma outra inovação que causa uma revolução na agricultura: a biotecnologia, hoje bem representada pela soja RR, que permite maior facilidade de controle das plantas daninhas, o que incentiva o produtor a aumentar sua taxa de adoção de plantio direto. Nos Estados Unidos, por exemplo, onde essa soja geneticamente modificada está sendo cultivada desde 1996 e ocupa hoje mais de 85% da área de soja do país, foi registrado crescimento de cerca 90% na adoção do plantio direto, com grandes benefícios para o solo, além da redução de custos de operação. 

Setor agropecuário pede pressa
na aprovação da Lei de Biossegurança

O 9º Encontro Nacional de Plantio Direto na Palha teve também um debate sobre a biotecnologia no Brasil. Com a presença do gerente de Recursos Genéticos do Ministério do Meio Ambiente, Rubens Nodari, e do presidente da AgroBrasil, Chico Graziano, além de uma palestra do deputado federal Luiz Carlos Heinze (PP-RS) sobre a Lei de Biossegurança.
     Nodari apresentou o sistema de aprovação de pesquisa e comercialização de transgênicos, previsto no Projeto de Lei de Biossegurança em tramitação no Senado, que dá competência para a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e depois submetido à aprovação de um conselho formado por ministros. Graziano criticou a demora da aprovação da lei.
     Segundo o consultor da organização AgroBrasil, “a burocracia está matando a pesquisa”. Para ele, com o aval de diferentes academias de ciência, da FAO e do próprio Vaticano, esta discussão já está superada e o Brasil está perdendo tempo demais para definição de uma lei. “A situação atual pode ser resumida entre aqueles que acreditam na ciência nacional e aqueles que não acreditam na capacidade dos pesquisadores brasileiros”, declarou Graziano.
     O deputado federal Luiz Carlos Heinze ressaltou o potencial produtivo brasileiro e que o País possui cerca de 20% da biodiversidade da Terra. Segundo o deputado gaúcho, o futuro do agronegócio no Brasil está na biotecnologia. Heinze salientou que na última safra houve uma economia de R$ 800 milhões com a adoção da soja transgênica, em comparação com a convencional.
     Para garantir a próxima safra, o deputado propôs um projeto de lei que prevê a liberação do plantio de sementes de soja geneticamente modificadas até que o Brasil tenha uma lei que regulamente as questões ligadas à biossegurança. Se a Lei de Biossegurança, em discussão no Senado, não for votada em tempo viável para o início do plantio, sugere a aprovação do seu projeto ou de uma nova medida provisória por parte do Governo Federal.

Lavoura e pecuária integrados no plantio direto

     A integração entre a agricultura e a pecuária através do Sistema de Plantio Direto foi um dos temas do 9º Encontro Nacional de Plantio Direto na Palha. Agricultores e pecuaristas estão procurando sistemas de produção alternativos para aumentar a eficiência e rentabilidade de seus negócios. O professor Aníbal de Moraes, da Universidade Federal do Paraná, explica que para a pecuária a agricultura é uma opção na reforma de pastagens e recuperação do solo, enquanto que no caso inverso, a diversificação de propriedades e a utilização na alimentação animal de plantas em rotação com cultivos de grãos surge como possibilidade. “O desafio em sistemas integrados é encontrar um nível ótimo de biomassa que beneficie tanto a cultura de verão instalada no sistema de semeadura direta, quanto a produção animal no período de pastejo, de forma a garantir uma alta produtividade do sistema”, acrescenta.
     Para o engenheiro agrônomo da Embrapa Gado de Corte (Campo Grande/MS), Armindo Kichel, o manejo inadequado leva à degradação das pastagens, queda na produtividade, empobrecimento do solo e aumento da erosão. A integração da lavoura e pecuária é uma alternativa para reverter este quadro. Segundo Kichel, o plantio direto de soja sobre pastagens pode ser feito em áreas em degradação para a recuperação e renovação de pastagem, oferecendo uma excelente cobertura do solo com palha de boa qualidade. Por outro lado, esta técnica também reduz, após alguns anos de pasto, a ação de plantas invasoras e quebra o ciclo de pragas e doenças da soja.
     Estimativa apresentada pelo pesquisador do Iapar, Enir Oliveira, mostra que 50% das áreas de pastagem no Brasil podem estar degradadas. Estas áreas apresentam perda da capacidade produtiva da forrageira, podendo ocasionar também um desgaste profundo, que afeta o solo e outros recursos naturais pela compactação ou erosão. Isto ocorre naturalmente com a exploração da pecuária, pela retirada de nutrientes pelo gado e por perdas ocasionadas pela ação de chuvas ou efeito do preparo do solo com o uso de grade.
     O gerente técnico da Monsanto, Márcio Scaléa, afirma que com manejo adequado do plantio direto a situação pode ser revertida. Scaléa apresentou trabalho sobre a renovação de pastagens em áreas degradadas. “O produtor deve levar em conta que herbicidas são mais eficientes do que grades na eliminação de pastos degradados, principalmente quando há presença de invasoras”, explica. Analisando a compactação, acidez e fertilidade do solo, o relevo da área e a presença de invasoras, é possível diagnosticar a melhor alternativa de recuperação da área degradada. “A questão está em fazer um bom diagnóstico”, conclui.


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