O
prêmio Nobel da Paz (1970), Norman Borlaug, esteve visitando o Brasil
durante 20 dias , no mês de fevereiro
Conhecido
como o “Pai da Revolução Verde”, evento responsável pelo aumento da
produção de cereais em diversos países em desenvolvimento,
principalmente na Ásia, na década de 60, o prêmio Nobel da Paz em 1970,
Norman Borlaug, disse que o Brasil é o país com maior potencial para
se tornar um dos maiores exportadores de produtos agrícolas do mundo.
Ele acredita que a distribuição de alimentos deve ser atrelada a oferta
de trabalho. “Defendo a troca de alimento por trabalho em obras públicas
e não a distribuição gratuita”, enfatizou o Prêmio Nobel, de 88 anos.
O roteiro de Borlaug no
Brasil incluiu visitas a lavouras que utilizam o sistema de plantio
direto na palha, responsável pela melhoria do desempenho da agricultura
em regiões de solos pobres e mal aproveitados, como o cerrado. Há quase
10 anos, quando esteve pela primeira vez no País, ele previu o
crescimento da agricultura na região. “Estou convencido de que o que
está acontecendo no cerrado é um dos mais espetaculares eventos de
desenvolvimento agrícola da história mundial”, disse à época.
Manoel Henrique
Pereira, o Nonô, um dos primeiros produtores do Brasil a usar a
técnica do plantio direto, recebeu Bourlaug na sua propriedade, em
Palmeira (PR), na região de Ponta Grossa, e impressionou o prêmio Nobel
da Paz. "Aumentar a fertilidade, conseguir controlar as ervas daninhas,
fazer um plano de rotação de cultura e, finalmente, ter um custo menor e
uma melhor produtividade, ele nunca viu nada parecido”, disse Nonô.
O plantio direto na
palha já ocupa cerca de 20 milhões de hectares das lavouras comerciais
brasileiras de grãos. Isso representa quase 41% dos 46,6 milhões de
hectares ocupados pela atividade agrícola no País, principalmente com as
culturas de soja, milho, algodão e feijão. Hoje, o plantio direto na
palha é empregado no Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Goiás e Minas
Gerais, entre outros estados do Centro-Oeste.
“Ele hoje reconhece no
sistema brasileiro de produção de grãos por meio do plantio direto na
palha, no cerrado, principalmente, o maior desenvolvimento e a maior
fronteira de alimentos no mundo”, diz Ivo Mello, presidente da Federação
Brasileira de Plantio Direto na Palha (Febrapdp), que acompanhou a
visita.
Norman Burlaug,
professor de Agricultura da Universidade do Texas-EUA, também defende o
uso de transgênicos, mas acha importante a participação de empresas
públicas nas pesquisas sobre sementes geneticamente modificadas para
evitar o monopólio de grupos privados. “A biotecnologia é um implemento
novo que devemos colocar em prática”, diz Norman.
Durante a sua visita,
Borlaug, também foi recebido pelo ministro da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, Roberto Rodrigues, em Brasília.
Agricultura Conservacionista na pauta do MAPA
A
diretoria da Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha (FEBRAPDP)
foi recebida em audiência no dia 29 de janeiro pela assessoria do
ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, buscando a chancela
ministerial para a Declaração do II Congresso Mundial de Agricultura
Conservacionista, realizado em agosto do ano passado em Foz do Iguaçu,
no Paraná.
O documento, que
recebeu parecer favorável do fiscal federal Agropecuário, Maurício
Carvalho de Oliveira, foi encaminhado ao chefe de gabinete do ministro,
Erwin Klabunde, recomendado por enfocar aspectos relevantes para uma
agricultura competitiva e poupadora dos recursos naturais, cujos
princípios são mundialmente aplicáveis e relevantes para a melhoria da
renda e para a geração de empregos na teia do agronegócio. Segundo
Maurício Oliveira, a Declaração de Foz do Iguaçu vem ao encontro das
políticas e diretrizes estabelecidas pela Pasta, significando também uma
oportunidade ímpar para que sejam firmadas variadas ações em parceria
com o setor produtivo, dentro dos moldes propostos pela alta
administração do Governo, ou seja, a Parceria Público Privado (PPP).
Na oportunidade, os
dirigentes da FEBRAPDP convidaram o Ministro Roberto Rodrigues para
participar do 9º Encontro Nacional de Plantio Direto na Palha, que
acontecerá de 29 de junho a 2 de julho, em Chapecó, Santa Catarina.
Estiveram na audiência
o presidente da Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha, Ivo
Mello, o diretor executivo Maury Sade e o presidente da Associação do
Plantio Direto do Cerrado, André Ramalho Flores.
Dia
de Campo da CAAL atesta a
eficácia do plantio direto na palha
A Cooperativa
Agroindustrial Alegrete-RS (CAAL) realizou no dia 19 de fevereiro um dia
de campo focado no desenvolvimento de lavouras da soja em coxilhas,
cultivo viabilizado nestes últimos anos na Fronteira Oeste do Estado
graças a introdução do sistema de Plantio Direto na Palha (SPDP).
Para se ter uma
idéia do sucesso do SPDP, em praticamente 10 anos o município de
Alegrete avançou de menos de mil hectares para 25 mil de área cultivada
com soja. Até meados da década de 90 as plantações em sistema
convencional (que precisam de grade e de arado), principalmente nos
solos areníticos desta região, foram responsáveis, entre outros
problemas, pela aceleração do processo de desertificação do solo.
Em 1995 o Sistema
de Plantio Direto na Palha, apresentado no I Seminário de Plantio Direto
realizado em Alegrete, por iniciativa da Associação dos Engenheiros
Agrônomos do município e da CAAL, cativou os produtores rurais. Ao
adaptarem esta tecnologia na região desencadearam uma nova era de
desenvolvimento. O modelo teve grandes resultados principalmente para as
lavouras ditas de coxilha (soja/milho/pastagens) de toda a Metade Sul do
Estado, agregando ao binômio pecuária/arroz novas alternativas de
produção, proporcionando maior rentabilidade ao produtor.
O presidente da
Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha (Febrapdp) e da Fundação
Maronna, Ivo Mello, presente no Dia de Campo, considerou como ponto alto
do evento a constatação de que grandes áreas, como a região do Tigre
(Passo Novo) e do Jacaquá, no interior de Alegrete, estão cobertas de
lavouras com excelente desenvolvimento. “Elas vão garantir aos
produtores a tão almejada sustentabilidade, através de uma simples
prática de manejo que possibilitou a integração lavoura-pecuária, sem
impacto nocivo ao meio ambiente, como vem provando o sistema de Plantio
Direto na Palha, em várias regiões do País”, pontuou o dirigente.