Ano 4 Número 12 Abril/Junho de 2003 |
Opinião
Aconteceu
em Sorriso (MT), entre 4 a 6 de junho, o 7o Encontro de Plantio
Direto no Cerrado. Havia um clima de entusiasmo e
otimismo, como que uma mística emocional que a todos envolvia.
Eram cerca de 2 mil produtores e assessores técnicos, em sua maior parte
jovens, atentos e interessados em aprender as novidades relacionadas ao
plantio direto na palha, a tecnologia mais eficiente para assegurar uma
agricultura sustentável. Essa condição psicológica animadora foi
lembrada e enfatizada pelo líder do Clube Amigos da Terra (CAT) de
Uberaba/MG, agrônomo Jonadan H. Min Ma, em sua palestra sobre Benefícios
do SPD à Sociedade, quando mencionou o aspecto social da emulação
provocada por um assunto que desperta a responsabilidade de legar um solo
fértil aos descendentes dos atuais usufrutuários ocupantes da terra. O
plantio direto em si é apenas uma tecnologia. Porém quando se analisa
sua finalidade e conseqüência a longo prazo, a matéria adquire um
aspecto de responsabilidade social. O fato desse sentimento, até certo
ponto ideológico, envolver tão grande número de agricultores, tem o
mais alto significado quando se pensa na persistência da produção agrícola,
principalmente de alimentos, do mais alto interesse
da crescente população do Brasil e do mundo. Sim, do mundo, pois
o Brasil tem condições
de participar significativamente do empenho internacional para um
adequado suprimento de alimentos para a humanidade.
Dentre os temas abordados durante o encontro, chamou minha atenção a dificuldade de se obter uma camada de resíduos vegetais em quantidade adequada e persistente, nas condições climáticas de estiagem periódica com calor, prevalecente em cerca de 10 milhões de hectares de cerrado recuperados para a produção agrícola. Trata-se de uma condição agrícola muito diversa da encontrada nos 5 milhões de hectares de campos nativos recuperados ao sul da linha tropical, onde as culturas de inverno chuvoso asseguram a reposição da palha. Os cereais trigo ou aveia, têm, adicionalmente, a vantagem de um sistema radicular fasciculado e abundante, que promove a melhoria da porosidade, assegurando uma permeabilidade que minimiza o escorrimento ao favorecer a infiltração das chuvas. No centro-oeste de Mato Grosso, onde a estação chuvosa é longa (de 8 a 9 meses), após a soja precoce existe a possibilidade do plantio de uma segunda safra no fim de verão, seja de milho ou sorgo, onde a palha remanescente é satisfatória e que pode ainda ser reforçada com a semeadura simultânea de braquiária. No caso de soja de ciclo longo, ou por falta de tempo, costuma-se semear milheto após a colheita, incorporando este grão com gradagem leve. O cereal chega a dar sementes, que ao germinarem nas primeiras chuvas, formam nova cobertura verde, a ser dessecada ainda imatura, sendo assim de curta duração, resultando em menor volume de palha do que no caso do milho ou sorgo. Nas regiões de curta estação chuvosa, como no sudoeste da Bahia e do sul do Maranhão ou do Piauí, o problema da palha ainda não está bem equacionado, pois o plantio se inicia nas primeiras chuvas e após a colheita não chove mais. Uma tentativa promissora é o sobre-semeio de braquiária no início da perda de folhas da soja, em que pese o risco de má germinação por falta de umidade. A escarificação e peletização poderiam reduzir esse risco. Na rotação com milho, a palha é mais volumosa podendo ainda ser reforçada com braquiária. A camada de resíduos vegetais em processo de decomposição, a que chamamos de “palha”, é fundamental no sistema de plantio direto. Já se sabe que desprende ácidos fúlvicos capazes de “tamponar” o alumínio trocável neutralizando sua toxidez. Falta saber se a flora favorecida conta com micro-organismos fixadores de N, pois existem indícios de que isso acontece. O aperfeiçoamento do plantio direto e a solução dos problemas existentes dependem de observações e de pesquisa. O espírito, a mentalidade e o entusiasmo dos produtores e técnicos, como demonstrado em Sorriso, são a garantia de que essa tarefa será cumprida e que o sistema de plantio direto continuará sendo o maior recurso para o sucesso de uma agricultura sustentável. Esta matéria tão importante certamente merecerá especial atenção durante o II Congresso Mundial de Agricultura Conservacionista. Engº Agrº Fernando Penteado Cardoso Presidente da Fundação Agrisus |
Definido o II Congresso
Mundial sobre Agricultura Conservacionista Está
quase tudo pronto para o II Congresso Mundial sobre Agricultura
Conservacionista, que acontece de 11 a 15 de agosto no Rafain Palace Hotel, em
Foz do Iguaçu – Paraná. Mais de 100 países estarão representados por
pesquisadores, técnicos, produtores, acadêmicos, ambientalistas e
interessados na agricultura conservacionista. A FEBRAPDP e a CAAPAS,
organizadoras do evento, esperam por mais de mil participantes no evento.O tema
central deste ano será "Produzindo em harmonia com a natureza". Serão
realizadas diversas palestras durante a semana toda. Além disso, vão
acontecer mesas redondas, apresentação de pôsteres e relato de experiências.
O importante é que representantes de todos os continentes poderão trocar
experiências sobre os novos conceitos de agricultura conservacionista.Entre
outros temas, estarão sendo abordados "A agricultura conservacionista no
mundo", "Implicações ambientais x inovações tecnológicas",
"Segurança alimentar, perspectivas políticas e sócio econômicas",
"Integração lavoura e pecuária", "Redes internacionais de
cooperação técnica", entre outros.Maiores informações, assim como a
programação completa podem ser encontradas no site da FEBRAPDP: www.febrapdp.org.br.
No site também é possível fazer as inscrições. Informações podem ser
conseguidas também pelo e-mail febrapdp@uol.com.br.
Para conseguir passagens e vagas em hotéis de Foz, basta entrar em contato com
o e-mail oliveiratravel@oliveiratravel.com.br, ou pelo telefone (41)
372-4222.O Congresso Mundial sobre Agricultura Conservacionista é um mega
evento. Para se ter uma idéia, no primeiro dia de trabalhos vão acontecer 20
palestras, com até quatro simultâneas. Veja a programação na página 2.
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