Opinião Agricultura Conservacionista O Desafio da Sustentabilidade       A continuidade da espécie humana com seus atuais padrões de consumo como habitante hegemônico de nosso planeta, está intimamente dependente de uma negociação que proporcione o alardeado "Desenvolvimento Sustentável". Nas palavras da agrônoma Sabrina Klein, consultora de meio ambiente para o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura - IICA, Desenvolvimento Sustentável "nada mais é que um relacionamento decente e respeitoso entre mulheres, homens e meio ambiente". Neste sentido uma série de desafios deverão ser equacionados e devidamente enfrentados pela humanidade como condição de sobrevivência. Uma boa parte destes está relacionado à capacidade de suporte dos recursos naturais.       Várias correntes de pensamento estão a propor estratégias de crescimento e desenvolvimento sustentável que em geral estão fundamentadas no tripé de condições: ser economicamente viável, socialmente justa e ambientalmente correta, baseada em conhecimento holístico e que respeite a cultura local.       Com este objetivo a produção de alimentos em quantidade e qualidade suficientes para atender as demandas sociais, é um fator chave a ser considerado em qualquer estratégia de desenvolvimento sustentável. Com este objetivo a agricultura é provavelmente o setor da economia que mais demanda recursos naturais e com certeza a maior usuária do recurso hídrico do planeta.       Como tal, nossa responsabilidade como produtores é muito grande, independente das legislações mais atuais que exigem dos usuários e da sociedade como um todo, a utilização ética dos recursos naturais e principalmente hídricos. Por exemplo, a constituição brasileira de 1988 instituiu a água como um recurso público e finito e, regulamentações legais posteriores a nível estadual e federal, complementam o arcabouço legal que norteia esta utilização responsável da água como insumo de processos econômicos.       O desenvolvimento desta consciência está em pleno andamento, e a participação das representações de produtores nas instâncias de discussão e negociação dos sistemas estaduais e nacional de proteção ao meio ambiente, a cada dia que passa se torna mais decisiva na continuidade dos processos de produção ambientalmente correta de commodities agropecuários.       O Sistema Plantio Direto brasileiro, com uma experiência acumulada ao longo dos últimos trinta anos, é com certeza uma das principais ferramentas para enfrentar de forma proativa estes desafios. O aumento da produtividade e da capacidade produtiva dos solos, com diminuição de custos e gastos com combustíveis fósseis, o menor avanço das novas fronteiras agrícolas - economizando ecossistemas e biodiversidade - e a conservação do recurso hídrico, fundamental para a vida do planeta, são por si só fatores que nos colocam em posição privilegiada quando o assunto é meio ambiente relacionado com produção agropecuária.       Por estes motivos nossa Federação está encarregada de organizar o II Congresso Mundial de Agricultura Conservacionista, e com este objetivo estamos catalizando energias de todos os recantos de nosso planeta, para que nesta oportunidade as experiências de todos os interessados no assunto possam estar disponíveis para que em conjunto elaboremos e tracemos estratégias de desenvolvimento sustentável que contemplem a comunidade mundial. Esperamos você em Foz do Iguaçu de 11 a 15 de agosto de 2003 para construir, em conjunto, novas estratégias de desenvolvimento do agronegócio mundial.       Engº Agrº Ivo Mello       Presidente FEBRAPDP

11 a 15 de Agosto de 2003 Foz do Iguaçu - Paraná - Brasil       Entre 11 e 15 de agosto do próximo ano, o Brasil sedia o II Congresso Mundial sobre Agricultura Conservacionista (II World Congress on Conservation Agriculture). O evento acontece no Centro de Convenções do Rafain Palace Hotel, em Foz do Iguaçu - PR. A promoção é da Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha (FEBRAPDP) e da Confederação das Associações Americanas para uma Agricultura Sustentável (Caapas). O tema central do evento será "Produzindo em harmonia com a natureza".       O conjunto de práticas que constituem a Agricultura Conservacionista é um dos mais notáveis progressos do desenvolvimento agrícola das últimas décadas. A redução ou eliminação do revolvimento para preservar os resíduos vegetais sobre a superfície do solo, a ampliação da biodiversidade por meio de rotação de culturas e cultivos múltiplos, uso de plantas de cobertura, integração lavoura-pecuária e sistemas agro-florestais, constituem os pilares de sustentação de um modelo holístico de produção, principalmente pelos seus benefícios na proteção do solo, da água, do ar e da biota em terras cultivadas.       Essa evolução é oportuna, numa época em que a opinião pública mundial despertou para o problema da degradação ambiental. O desenvolvimento da agricultura, que até então era visto como um processo de crescimento econômico, passa a ter um conceito mais amplo, conhecido como desenvolvimento sustentável. Essa nova visão requer que o processo de desenvolvimento, para ser sustentável, seja ecologicamente prudente, socialmente desejável e economicamente eficiente.       O interesse crescente pelo tema motivou a organização conjunta, pela FAO e pela ECAF (Federação Européia de Agricultura Conservacionista do I Congresso Mundial sobre Agricultura Conservacionista - um Desafio Mundial, realizado em Madrid, Espanha, em Outubro de 2001.       No contexto da Agricultura Conservacionista, uma das modalidades mais eficazes para garantir a sustentabilidade e combater os problemas da degradação ambiental é o Sistema Plantio Direto, que conta hoje com aproximadamente 64 milhões de hectares em todo o mundo.       O Brasil, que ao longo das últimas décadas acumulou um grande elenco de conhecimentos, tornando-se referência não só na América Latina, mas em todo o mundo, conta hoje com uma área cultivada superior a 17 milhões de hectares sob o Sistema Plantio Direto. Isso se deve ao arrojo inicial de produtores que, de forma persistente, buscavam sistemas de produção eficazes para o controle da erosão do solo denominados de várias maneiras: cultivo mínimo, plantio direto, plantio direto na palha. Na continuidade, graças à integração de esforços entre produtores, pesquisadores, extensionistas, consultores autônomos, entidades não governamentais, cooperativas, indústrias de equipamentos, fornecedores de insumos e outros, tem-se hoje, no País, tecnologias conservacionistas que o colocam em posição de destaque mundial.       Dessa forma, o Brasil qualificou-se para sediar o II Congresso Mundial sobre Agricultura Conservacionista - Produzindo em Harmonia com a Natureza, que será promovido pela Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha em parceria com inúmeras outras organizações.       É assim que, com grande expectativa, os organizadores esperam, de 11 a 15 de Agosto de 2003 em Foz do Iguaçu, estado do Paraná, contar com a participação de representantes dos diversos setores nacionais e internacionais, para uma ampla discussão do estado da arte da pesquisa e desenvolvimento em Agricultura Conservacionista. A programação temática abordará não só inúmeros assuntos técnicos, mas também os benefícios ambientais e os desdobramentos políticos e econômicos ligados ao tema.