3                                                     Boletim Informativo da Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha

Pequenos produtores aprendem a realizar PD com qualidade

Cerca de 50 pequenos produtores participaram, no dia 15 de outubro, em Araucária-PR, de um dia de campo sobre plantio direto. Técnicos da Emater-PR mostraram várias espécies de culturas de cobertura de inverno e diferentes modalidades de manejo das plantas para se obter uma boa formação de palha. O objetivo é de propiciar que os pequenos produtores realizem um plantio direto com qualidade.
Nove espécies diferentes de culturas foram apresentadas: aveia preta, azevem, centeio, triticale, nabo forrageiro, tremoço branco, tremoço azul, ervilhaca peluda e ervilhaca comum, e quatro maneiras diferentes de manejo foram avaliados pelos produtores. Os agricultores também discutiram a respeito do potencial de cobertura do solo e sobre as características e benefícios de cada espécie para a melhoria do solo e da produtividade das culturas comerciais. Aspectos como a fixação de nitrogênio através das leguminosas, como os tremoços e as ervilhacas; a capacidade de descompactação do nabo forrageiro e o grande potencial de recobrimento do solo e permanência da palha das gramíneas como o triticale, centeio, azevem e aveia deixaram os produtores bastante interessados no planejamento da rotação de culturas de suas áreas de plantio.
Parte da área com estas espécies foi deixada para a produção de sementes destas culturas e os produtores estão conseguindo bons resultados. Algumas espécies das culturas de cobertura não são facilmente encontradas no comércio, e quando existem normalmente têm custo muito elevado, o que eleva consideravelmente o custo de produção. Assim, os técnicos acreditam que buscar a independência deste insumo é de fundamental importância, principalmente para os pequenos produtores. Muitos deles já estão conscientes e têm se empenhado para conseguir sua própria semente. Alguns estão, inclusive, trabalhando com a perspectiva de transformar esta atividade em renda para a propriedade, vendendo o excedente, já que o preço é bastante compensador.

 

 

 

 

 

 

Lutécia Canalli e Irani Soares
debatem culturas de cobertura
com produtores em Araucária-PR

 

Plantio direto - o desafio da palha

Alguém, anos atrás, chamou de "plantio direto na palha" a tecnologia que se tornou viável graças à invenção dos herbicidas. Enquanto o controle das invasoras se fazia por cultivos mecânicos, nem pensar em deixar restos de cultura para atrapalhar as enxadinhas puxadas por muares ou tracionadas a motor. Tudo começou quando cientistas ingleses da ICI criaram, lá pelos anos 40, a molécula do "Paraquat", o primeiro dessecante por contato. Então, agrônomos da Universidade de Kentucky, EUA, constataram que era possível plantar "dentro" da manta de invasoras dessecadas entremeadas de restolhos, sem que o solo fosse arado e gradeado (tilled).

A manutenção dessa camada de resíduos vegetais (mulch), em contínuo processo de decomposição, é o grande desafio tanto dos produtores como dos pesquisadores. Nos climas de curta estação chuvosa, como da Bahia, Maranhão e Piauí, não há tempo para produzir biomassa de milheto, ou outro, antes do plantio. É preciso semear nas primeiras chuvas, logo que somem 100 milímetros. Também não dá para produzir bastante palha depois da cultura principal, pois as chuvas cessam logo após a colheita.

A solução óbvia é aproveitar as últimas chuvas do ciclo semeando dentro da cultura principal. Colhida esta, o milheto, sorgo ou braquiária já têm raízes para vegetar com a umidade remanescente. Mas, o sobre-semeio apresenta a dificuldade de "mal pegamento", quando ocorre parada da chuva logo após o inicio da germinação. O ressecamento das sementes, depois de "inchadas" pode ser fatal para o embrião já despertado, mas ainda sem raízes para se abastecer de água.

A solução para o problema pode estar no recobrimento da semente com material que conserve a umidade por algum tempo, até que a radícula primária alcance e penetre no solo. Constatando essa dificuldade, em recente visita o sul do Maranhão e do Piauí, lembrei-me que na Nova Zelândia, o diretor de uma firma peletizadora em Christ Church - Ilha do Sul, me disse que, naquele país, nenhuma semente é aplicada na superfície da terra a menos que tratada por recobrimento (coating).

Já existem empresas especializadas nesse recobrimento, também chamado de capeamento ou peletização. Já existe um produto (Hidroplant) que, adicionado à argila ou outro material recobridor, torna em gel a água nele impregnada, retardando a evaporação. A umidade, assim, se mantém por mais tempo. Então o que estaria faltando? Falta que os órgãos de pesquisa, -como a Embrapa, as entidades dos produtores e outras se conscientizem de que não existe plantio direto sem palha, bastante palha! Faltam experimentos. Faltam agrônomos que reconheçam o problema e se disponham a resolvê-lo, pesquisando! A Fundação Agrisus está aí para apoiar bons projetos.

Fernando Penteado Cardoso, presidente da Agrisus

Visite www.agrisus.org.br - venha nos conhecer.

 


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