OPINIÃO
Plantio direto avança com qualidade
As primeiras experiências com
o plantio direto no Brasil datam do início da década de 70. No entanto, a
partir de meados da década de 90 é que tivemos as maiores taxas de adoção do
sistema. Isto se explica fundamentalmente porque no início dos 90, os vários
planos econômicos que buscavam soluções imediatistas para a nossa economia
norteada por uma política inflacionária, combinados com cenários de mercado
mundial, causaram descompassos nas várias cadeias de nosso agronegócio.
Dentro da porteira, nosso agricultor, acuado por correção monetária e juros
astronômicos, buscou formas mais econômicas de praticar agricultura. O
plantio direto, com sua característica racional de infra-estrutura e
conseqüente diminuição de gastos com combustíveis fósseis e maquinário, se
apresentou como uma das formas mais econômicas de implantação dos cultivos.
Associados a esta característica contribuíram para o grande avanço de área
do sistema plantio direto na palha, outros predicados como a diminuição de
insumos químicos e fertilizantes e o aumento da produtividade.
Com mais economia, passamos a produzir mais, de forma ambientalmente
amigável. Não esqueçamos dos bilhões de toneladas de solo que economizamos
ano após ano melhorando o sistema e diminuindo os custos de produção de
setores como o hidrelétrico e a potabilização da água de centros urbanos. Os
anos passam e a cada um deles novos desafios se apresentam. No início deste
novo século estamos consolidando um nível médio de adoção do sistema, pouco
mais de 50% da área de cultivo de grãos do Brasil. Foi bom até aqui, mas
pode e deve ser muito melhor e por isto estamos investindo em programas que
evidenciem e quantifiquem estes benefícios inerentes ao sistema plantio
direto como forma, inclusive, de valorizar estas externalidades que
beneficiam a sociedade como um todo. Nossa missão de desenvolver cada vez
mais a agricultura conservacionista através do sistema plantio direto, está
agregando o estabelecimento de conceitos de qualidade e excelência para
podermos estimular, através de prêmios e/ou de pagamentos por serviços
ambientais, a melhoria contínua da agricultura sustentável com base na
manutenção de resíduos de culturas sobre a superfície do solo.
Você, associado e simpatizante do sistema, é nosso especial convidado para
participar desta empreitada que a partir deste novo ano de 2005 agregará
novidades, como por exemplo, o desenvolvimento de metodologias para
quantificar, nas propriedades, o carbono retirado da atmosfera e armazenado
no solo como matéria orgânica, visando uma possível valorização deste
serviço que contribui para diminuir os gases do efeito estufa e o
conseqüente aquecimento global.
Com os votos de que tenhamos excelentes colheitas neste novo ano que se
aproxima, esperamos continuar contando com a parceria de todos para
consolidar estes objetivos.
Engº. Agrº Ivo Mello
Presidente da FEBRAPDP |
ESTE EVENTO VOCÊ NÃO PODE PERDER
Febrapdp e Itaipu promovem Simpósio sobre
Plantio Direto e Meio Ambiente
De 18 a 20 de maio de 2005 a Febrapdp e a Itaipu Binacional
estarão realizando, no Rafain Palace Hotel, em Foz do Iguaçu-PR, um Simpósio
sobre Plantio Direto e Meio Ambiente. O objetivo do evento é subsidiar
pesquisadores, profissionais e produtores com informações sobre seqüestro de
carbono e qualidade da água via sistema plantio direto. Com isso o simpósio
pretende propiciar maior conhecimento e conscientização, permitindo, assim, o
avanço da discussão sobre temas como mudanças climáticas relacionadas ao efeito
estufa; os aspectos ambientais, econômicos e sociais ligados ao seqüestro de
carbono e qualidade da água via plantio direto. Outro objetivo é despertar o
interesse de empresas e investidores no novo paradigma de negócios, que inclui o
respeito ao meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida.
A direção da Federação lembra que os benefícios agronômicos da adoção do Plantio
Direto são bastante conhecidos e difundidos. Essa é, talvez, a principal razão
da rápida expansão da adoção desse manejo em substituição ao preparo
convencional do solo para plantio. No entanto os benefícios ambientais
decorrentes da adoção do Plantio Direto são pouco conhecidos e difundidos.
Resultados preliminares de pesquisas efetuadas em solos sob clima temperado e
tropical têm mostrado que há redução de emissões de gases do efeito estufa do
solo para a atmosfera, quando se adota o Plantio Direto. A outra grande vantagem
ambiental é que esse sistema transfere (seqüestra) carbono da atmosfera para a
terra e por isso contribui para a mitigação dos impactos das mudanças climáticas
globais. Estimativas realizadas por vários pesquisadores brasileiros evidenciam
que os solos sob Plantio Direto em clima tropical e subtropical podem seqüestrar
em média 0,5 a 0,6 toneladas de carbono por hectare ao ano.
A melhoria da qualidade da água tem sido, também, objetivo de pesquisas para se
avaliar os efeitos benéficos da adoção do Plantio Direto. Resultados de pesquisa
mostram os benefícios desse sistema na proteção de mananciais e grandes
reservatórios hídricos, com conseqüente redução no custo da água tratada e
aumento da vida útil de hidrelétricas.
Dada a importância do assunto, frente aos aspectos ambientais, econômicos e
sociais que abrange, é fundamental que se aprofunde a discussão a respeito do
seqüestro de carbono e qualidade da água via plantio direto, suas perspectivas e
oportunidades. Com este propósito a Federação Brasileira de Plantio Direto na
Palha e a Itaipu promovem o simpósio.
A realização envolve ainda a CENA/USP e Fundação Agrisus. O evento também tem o
apoio da Caapas, Emater-PR, Embrapa, Fundação ABC, GPD, Iapar, Ministério da
Agricultura Pecuária e Abastecimento, SEAB-PR, UEL, UEPG, UFPEL e UFSM. (veja
programação na página 2)
|