Pioneiros do
Plantio Direto com tração animal
Para a família Krupek já virou rotina
receber visitantes da África, Ásia e de outras regiões do mundo. Também não
é mais novidade Félix Krupek participar como palestrante em vários eventos.
Até no Paraguai ele já foi dar palestra. Isso se deve ao fato de que eles
foram os primeiros a fazerem plantio direto com tração animal. Começaram em
1989, num trabalho junto com o Iapar, que serviu de base para o desenvolvimento
e adoção desse sistema no Paraná e em outras regiões.
O plantio direto não é a única prática
de manejo de solos na propriedade. Félix seguiu uma estratégia mais ampla, que
visava, num primeiro momento, reduzir as perdas do sistema, de solo animais (
pois faltava alimento no outono/inverno) e perdas de energia humana, pois grande
parte do trabalho era voltado ao preparo do solo e ao controle mecânico com tração
animal e enxada.
Dentro da redução das perdas de solo, a
família Krupek - formada ainda por sua esposa, Júlia e os filhos, Cláudio e
Madalena - começou eliminando a queima da resteva, através do manejo com
rolo-faca e grade de discos e tração animal. Em seguida foram construídos os
cordões vegetados com cana-de-açúcar, capim elefante (anão e gigante) e
falaris.
Foi só depois da construção dos cordões
que a área de lavoura perto da casa começou a ser usada, pois antes a erosão
estava causando assoreamento de uma nascente que fornece a água para o consumo
da família.
Cordão Vegetado
O cordão vegetado tem dupla função, de
reduzir o comprimento de rampa e, conseqüentemente, a velocidade de
escorrimento superficial, serve como alimentação animal. Os produtores
passaram a utilizar o cordão vegetado quando perceberam os ganhos em termos de
alimentação animal, pois essa é sua prioridade.
As máquinas e equipamentos da família são
todos de tração animal: máquina de plantio direto, rolo-faca, grade e
pulverizador. O primeiro plantio direto foi feito numa área de 600 m2 e,
naquela época, Félix ainda não acreditava que pudesse dar certo, mas mesmo
assim resolveu experimentar em uma área com resíduos de milho, papuã, e
plantas daninhas de inverno. Nessa safra ocorreu um veranico que afetou a floração
do feijão. Apesar das perdas, ele começou a acreditar que esse sistema poderia
dar certo e tentou novamente na safra seguinte, em uma área sem calcário,
colhendo 1080 Kg/ha, o que já era acima da média de 720 Kg/ha. Apesar da boa
colheita, o feijão não fechou as linhas e a infestação de plantas daninhas
foi bastante alta no final do ciclo. Na safra seguinte foi aplicado calcário
(1/4 da dose necessária) e semeado aveia. Com a gradativa melhoria da
fertilidade, hoje o agricultor colhe mais de 1800 kg/ha.
Hoje o carro-chefe da produção é a soja
que está trazendo bons resultados para o atual sistema de produção. Félix
conta que resolveu plantar soja depois que viu a experiência de agricultores
paraguaios quando participou do 2º Encontro Latino Americano de Plantio Direto,
realizado no Paraguai em 1995. "Eram pequenos agricultores que estavam
tendo bons resultados, com soja, então resolvi experimentar na minha
propriedade para ver se dava certo". A cultura é plantada na sua maior
parte em rotação com milho.Todas as operações, até o plantio, são feitas
com tração animal, com exceção da colheita, que é feita com equipamento
alugado. A produtividade média da soja tem alcançado 3200 Kg/ha, resultados
obtidos pela constantes melhoria resultante do uso integrado das práticas de
manejo do solo.
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A
produtividade de milho tem alcançado 3720 Kg/ha, o que pode ser considerado
um bom resultado, tendo em vista que o produtor aplica apenas 120 Kg de
5-15-10 e 24 Kg/ha de Nitrogênio. Parte do milho produzido é destinado
para a silagem, que é feita em conjunto com capim elefante anão. Fez-se em
torno de 20 mil Kg de silagem, que é destinada à alimentação de três
cavalos e 16 cabeças de gado no período de inverno.
Planos para o futuro
A família tem planos de continuar na
agricultura, pois a vêem como uma boa opção para todos. "Na cidade não
há serviço nem tranquilidade". Para maior conforto pretendem construir
uma nova casa. Há uma procura de diversificação da propriedade, pois sabem
que o milho e o feijão, neste ano foi um bom negócio. A curto prazo pretendem
aumentar o cultivo da soja e diminuir o de feijão.
A área é de 12,1 ha distante 4 Km da
propriedade onde pretendem plantar pinus, pois consideram que para essa área é
a melhor forma de aproveitamento, já que o terreno é bastante declivoso em
alguns pontos, chegando a 50%. Além de ser uma cultura rústica não demanda
muita mão-de-obra e pode trazer bom retorno financeiro a longo prazo.
* Retirado da revista
"Referências em Plantio Direto para a Agricultura Familiar do Centro-Sul
do Paraná, editada pela Emater/IAPAR/Pronaf
Agroceres lança híbridos de
milho de alta performance para o sistema
Durante o
8º Encontro Nacional de Plantio Direto na Palha, que aconteceu de 17 a 21 de
junho, em Águas de Lindóia (SP), a Agroceres lançou dois híbridos de milho
de performance superior em plantio direto, o AG 9020 e AG 6018. Eles completam
as famílias de híbridos Agroceres que existem no mercado e que são totalmente
adaptáveis ao sistema.
O gerente de Plantio Direto para a marca
Agroceres, André Franco declara que as novas sementes são recomendadas para
produtores que já investem no plantio direto e querem se aperfeiçoar ainda
mais. A partir desta safra esses produtos estarão sendo identificados com o
selo Sementes para performance superior em Plantio Direto, para diferenciá-los
no mercado.
CAAPAS
realiza reunião em Águas de Lindóia
No dia 20 de junho, durante o 8º Encontro
Nacional de Plantio Direto na Palha, aconteceu em Águas de Lindóia - SP, a
reunião anual da Confederação das Associações Americanas para uma
Agricultura Sustentável. O tema principal foi o plantio direto e sua adoção
nos países membros.
A reunião da entidade, que também completa
10 anos de existência neste ano, contou com a presença de representantes do
Paraguai, Argentina, Venezuela, Peru, EUA, República Dominicana, El Salvador,
Chile, Colômbia e Porto Rico. Na oportunidade houve mudança na diretoria, que
nos últimos quatro anos teve o brasileiro Manoel Henrique Pereira na Presidência.
Para o biênio 2002/2004 a
CAAPAS, que tem a sua sede em Rosário, na Argentina, contará com o
engenheiro agrônomo Roberto Peiretti, da
AAPRESID, como presidente e, o engenheiro agrônomo Maury Sade, da FEBRAPDP,
como secretário.
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