4                                                    Boletim Informativo da Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha

Manejo correto        traz   maior eficiência
 para plantio direto

 O manejo do plantio direto foi um dos temas debatidos no 9º Encontro Nacional de Plantio Direto na Palha. Os engenheiros agrônomos José Eloir Denardin, da Embrapa Trigo de Passo Fundo (RS) e Gláucio Rollof, da Universidade Federal do Paraná, destacaram o problema da enxurrada, responsável pela erosão hídrica e a conseqüente formação de voçorocas nos campos com a força da chuva, causando o arraste do solo e perda de nutrientes. 
    Embora a semeadura direta na palha proteja do impacto da gota de chuva, esta ação só não é suficiente. “Plantio Direto não acaba com a enxurrada, precisa gerenciar”, ressalta Rollof. As técnicas de semeadura em contorno, como o uso de terraços e mulching vertical (sulcos transversais no declive do terreno), além da rotação de culturas e do controle de compactação do solo, podem diminuir a dispersão dos nutrientes com o arraste da terra, segundo Denardin.
     O outro debate importante foi sobre a fertilidade do solo e a adubação de culturas, com a presença dos engenheiros agrônomos Volnei Pauletti, da Fundação ABC (Castro/PR), e Bernardo Van Raji, da Fundação Agrisus (Campinas/SP). Diferente do sistema de plantio convencional, em que a aplicação de corretivos e fertilizantes no solo é uniforme, o cultivo na palha ocasiona uma concentração maior na superfície e menos presente nas camadas mais profundas, necessitando de um manejo específico.

Nonô defende melhora do
ensino para o crescimento do Sistema de Plantio Direto
 

     Manoel Henrique Pereira, o Nonô, um dos pioneiros do Sistema Plantio Direto no Paraná e no Brasil, defendeu no 9º Encontro Nacional de Plantio Direto na Palha, em Chapecó (SC), uma maior ênfase e a conseqüente melhora na qualidade dos ensinos técnico e superior para a continuidade do sistema de plantio direto, que hoje atinge 20 milhões de hectares cultivados no Brasil. “Nosso País é um dos poucos que conseguiram integrar pesquisa, extensão, assistência técnica e produtor. Mas precisamos de escolas que dêem suporte para o aluno. Isso vai melhorar a qualidade do trabalho que está sendo feito no campo”, afirmou.
     A palestra de Nonô Pereira, realizada no primeiro dia, para mais de 600 pessoas, teve um caráter histórico e motivacional, principalmente para os jovens, que, segundo ele, serão os continuadores do sistema, que tem por base o não revolvimento do solo, com a formação de palhada e que foi o principal responsável por se ter dobrado a produtividade agrícola nos últimos 10 anos. “Numa estiagem como a que atingiu o Rio Grande do Sul neste ano, por exemplo, os agricultores que utilizam o plantio direto tiveram produtividades maiores, graças à retenção de água no solo proporcionada pelo sistema”, comparou.
     Segundo a Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha, é consenso entre pesquisadores, técnicos e produtores que há muito que caminhar e que o grau de conhecimento é ainda limitante para a maximização dos benefícios esperados, em especial nas pequenas propriedades, campos nativos, áreas degradadas e cerrado.                Com o despertar da opinião pública para o problema da degradação ambiental, o conceito sobre desenvolvimento, até então visto como um processo de crescimento econômico, passou a ter o conceito de desenvolvimento sustentável. Esta nova visão mostra que para ser sustentável tem de ser ecologicamente prudente, socialmente desejável e economicamente eficiente. Desta forma, um dos instrumentos importantes para garantir a sustentabilidade agropecuária e combater os problemas da degradação do ambiente é o Sistema de Plantio Direto na Palha.
     De olho nas mudanças climáticas e o perigo do efeito estufa, a mesa-redonda "Seqüestro de Carbono em Sistema de Plantio Direto" debateu a vantagem da utilização da palhada para a retenção dos gases tóxicos jogados na atmosfera.
     O 9º Encontro Nacional de Plantio Direto contou com uma série de apresentações e debates. Moacyr Sopelsa, secretário de Agricultura e Política Rural do Estado de Santa Catarina, um dos participantes, afirmou que o Estado tem 242 mil propriedades rurais e 200 mil famílias que vivem da agricultura e que o plantio direto está ajudando os produtores a conservar suas terras, a ter um custo de produção menor e a proteger o solo, dando uma estrutura melhor para a agricultura, inclusive a familiar.

Suinocultores aumentam a produtividade da lavoura com aplicação do chorume

     O pesquisador Celso Castro Filho, do Iapar de Londrina (PR), demonstrou, em Chapecó, o resultado de sua pesquisa "uso de dejetos suínos em Sistema de Plantio Direto". Grandes propriedades de Cianorte, Palotina, Castro e Marmeleiro, no Paraná, encontram uma solução de baixo custo e ambientalmente correta na aplicação do chorume na agricultura, como adubação. A produtividade da lavoura de feijão, por exemplo, que produziu 2.529kg/ha com adubo convencional, resultou em 3.908kg/ha com a aplicação de 85m3/ha.
     Segundo Castro Filho, além evitar o descarte do material orgânico em rios e aterros, o produtor consegue um aumento considerável na produtividade agrícola. Também aumenta a infiltração de água no solo, resolvendo o escoamento da enxurrada, problema discutido anteriormente em um painel de debates.
     A integração agricultura e criação de suínos foi recomendada para as regiões do Paraná e Santa Catarina com o alerta de, após 4 ou 5 anos de prática, que se faça um monitoramento para checagem de metais no solo e nas raízes.


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