5                                                     Boletim Informativo da Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha

  Africanos e asiáticos em busca
da agricultura conservacionista

     Na segunda edição do Congresso Mundial sobre Agricultura Conservacionista, que aconteceu em Foz do Iguaçu - PR, a presença de uma numerosa delegação oriunda da África e da Ásia mostrou o quanto produtores, técnicos e lideranças rurais africanas e asiáticas estão buscando difundir a agricultura conservacionista em seus países. Duas sessões especiais foram realizadas com os africanos e asiáticos durante a programação do Congresso.
     Conforme o representante do Ministério da Agricultura do Kenia, Mwamzali Shiribwa, a dificuldade maior para fazer com que a agricultura convencional adotada na África seja a conservacionista, é convencer os produtores de que este é o melhor caminho. De acordo com ele, 80% da economia do continente é baseada na agricultura e este é um sinalizador do quanto as mudanças são pertinentes. “É um processo lento, mas extremamente necessário”, defende, culpando os próprios agricultores por serem relutantes e dificultarem as mudanças. Ele diz que a participação em um evento como este, está baseada na necessidade de levar informações e contribuir com o processo de mudança.
     O diretor geral da Agricultura do Paquistão, Mushtaq Ahmad Gill, atribui a vasta população do continente asiático e a queda na produtividade agrícola, como fatores responsáveis pela falta de comida para o povo. “O nosso povo passa fome, é miserável”, conta, lembrando que este é um problema social. A Ásia corresponde a 42% da área agrícola do mundo, mas em contrapartida detém 62% da população mundial. Para ele, a única saída para resolver isso é a adoção de técnicas de manejo dentro do sistema da agricultura conservacionista.
     Raj K. Gupta, técnico da Índia, acrescenta que atualmente a área agrícola do continente asiático, em especial no Nepal, Paquistão, Bangladesh e Índia, cresceu consideravelmente, mas falta ainda conhecimento aos produtores.
     Os asiáticos salientam que participaram desse evento para levar aos seus países o conhecimento e a experiência dos brasileiros, para que possam introduzir com eficácia a agricultura conservacionista naquele continente.

Palestras destacam o desenvolvimento
  tecnológico dentro do conservacionismo

     O nível das das palestras apresentadas no II Congresso Mundial sobre Agricultura Conservacionista deixou o público satisfeito. A prova disto foi a movimentação entre todos os auditórios. O objetivo dos participantes era poder acompanhar a maior parte possível dos temas apresentados.
     Um tema que mereceu destaque foi sobre "Florestas Fluviais como estratégias  para o uso e conservação da água e do solo em nível de propriedades". Gustavo Ribas Curcio, da Embrapa Florestas, lembrou que o Paraná é um dos poucos estados que tem o mapeamento dos solos de planície de alguns dos seus principais rios em escala 1:50.000, e mesmo assim esta escala ainda considerada insuficiente para estabelecer as relações necessárias sobre desenvolvimento de espécies. Para ele, a reconstituição das florestas fluviais, ou matas ciliares, é um trabalho meticuloso e depende de trabalhos de pesquisa objetivos.
     Ainda no primeiro dia também aconteceu palestra sobre "Disponibilidade e adaptação de máquinas e equipamentos para o plantio direto", a cargo de Ruy Casão, do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR). Ele descreveu a evolução do plantio direto, que no início dos anos 90 não ultrapassava 1 milhão de hectares e hoje as estimativas ultrapassam os 20 milhões de hectares.
     A partir dessa evolução, Casão credita o crescimento da mecanização nesta modalidade agrícola. O palestrante deteve-se na experiência do IAPAR, desde o ano de 1984, quando a mecanização à tração animal e manual foi implantada. Em 1987 foram levantados parâmetros mais específicos das máquinas, até que em 1996 os trabalhos foram concentrados na avaliação de semeadoras adubadoras de plantio direto. Experiências e pesquisas continuam sendo feitas. Muitas delas foram apresentadas em sua explanação, com resultados significativos.
     O IAPAR, conforme Casão, considera fundamental a criação de um programa nacional de mecanização agrícola, que envolva toda a cadeia produtiva e proporcione o desenvolvimento da agricultura.

      Nonô Pereira destaca importância do plantio direto

     Relacionando o plantio direto e sua utilização na América Latina, o produtor referência mundial do sistema, Manoel Henrique Pereira (o Nonô), falou da  sua adoção na América Latina. Nonô lembrou que alguns produtores, no início, foram chamados de inovadores, depois sonhadores e mais adiante de loucos ou fanáticos, mas que hoje são considerados os pioneiros na adoção de práticas conservacionistas. Entre eles, Nonô Pereira cita, no Brasil, o agricultor Herbert Bartz; na Argentina, Rogério Fogante; no Chile, Carlos Crovetto; no Uruguai, Gélio Mazzilli e no Paraguai, Rudi Dressler. Segundo o conferencista, esses são os responsáveis pelo sistema hoje considerado uma revolução da agricultura  das Américas nos últimos 30 anos. Nonô Pereira disse que o sistema, como consegue aumento de produção com menor custo, atraiu muitos produtores e o que se observa hoje são médias de produção que atingem níveis surpreendentes.
     Ele lembra que nesses 30 anos foram grandes os desafios e as limitações, mas que é maior o prazer de observar que em todo o mundo existe constante discussão sobre o plantio direto e maior número de adeptos. Nonô confirma aquilo que em todo o mundo já é uma realidade, o plantio direto é o melhor caminho para preservar  a água, o solo, a fauna e a flora.
 


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