3                                                     Boletim Informativo da Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha

Região de Assis-SP recebe máquinas de plantio direto
 

O secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Duarte Nogueira, entregou quatro máquinas de plantio direto a produtores dos municípios de Maracaí, Candido Mota, Florinea e Platina – na região de Assis - no mês de outubro. Com a entrega, feita em Maracaí, mais de 300 produtores pertencentes a associações que participam do Programa Estadual de Microbacias Hidrográficas serão beneficiados.
A região de Assis possui uma das maiores áreas de plantio direto, com cerca de 120 mil hectares de um total de 1 milhão de hectares cultivados em São Paulo. Estas máquinas fazem parte de um grupo de 66 concedidas neste ano a produtores de todo o estado, totalizando investimento de R$ 1,5 milhão. Para Duarte Nogueira, o repasse destas máquinas mostra a diretriz da Secretaria, que é fazer do plantio direto, a modalidade convencional em solo paulista. A região de Assis também é a campeã no número de financiamentos para aquisição de máquinas de plantio direto dentro das 25 linhas de crédito do Fundo de Expansão da Agropecuária e Pesca (FEAP), que garante aos pequenos produtores com renda bruta anual de até R$ 185 mil, acesso a financiamentos com juros de 4% ao ano e prazo para pagamento de até cinco anos. “O Programa orienta o agricultor na linha do desenvolvimento sustentável com conservação do solo, proteção aos mananciais e recuperação de matas ciliares”, afirma o secretário. O Programa Estadual de Microbacias Hidrográficas, uma parceria do Governo do Estado com o Banco Mundial, já atua em 471 municípios, trabalhando em 768 microbacias e beneficiando cerca de 50 mil produtores.
A Associação de Plantio Direto do Vale Paranapanema esteve representada na cerimônia e aproveitou para entregar documento a Nogueira solicitando a ampliação dos valores financiados para R$ 50 mil na linha de Plantio Direto, do FEAP, hoje limitados a R$ 25 mil. Esta linha de financiamento da Secretaria de Agricultura oferece condições vantajosas, segundo a Associação, e representa um grande impulso para a adoção do sistema pelo produtor paulista. Somente a região de Assis consumiu 25% de todo o recurso destinado para a linha de Plantio Direto.
Outro ponto destacado no documento sugere o tratamento diferenciado por parte da seguradora do Estado, Cosesp, para o produtor que pratica o Plantio Direto, oferecendo reduções nos prêmios, tendo em vista os menores riscos com veranicos, erosão e outros fatores que afetam a produtividade.

 

 

 

Leonardo Coda à direita, vice presidente da FEBRAPDP para SP, juntamente com seus companheiros da APDVP

 

 

 


 

Outras promoções

Além da distribuição de máquinas às Associações, a CATI proporcionou aos técnicos das Casas da Agricultura, durante o mês de outubro, uma semana de treinamento sobre Plantio Direto e contou com vários nomes de expressão, como João Carlos de Sá e Godofredo Vitti, e teve como convidado especial para a abertura do evento o produtor Manoel Henrique Pereira, um dos maiores entusiastas e incentivadores do Sistema no país.

 Correntão: nova maneira de incorporar sementes

Marcio Scaléa - Monsanto do Brasil

A crônica deficiência de boas palhadas tem sido uma barreira na evolução do plantio direto no cerrado. A falta de uma boa cobertura morta desemboca em sérios problemas para o sistema, como por exemplo a excessiva proliferação de plantas daninhas e conseqüente aumento no custo de seu controle; a deficiência no retorno de palha e matéria orgânica ao solo, levando-o a sofrer adensamento superficial; a perda excessiva de umidade, pois a porosidade que facilita a infiltração de uma chuva também age como facilitadora da evaporação pela capilaridade, etc.
Se o plantio de milheto veio colaborar de forma definitiva para uma certa estabilidade do Plantio Direto no Cerrado, o método de semeadura adotado pela grande maioria dos produtores para esta cultura foi sempre questionado. Distribuir as sementes a lanço e depois incorpora-las com uma grade niveladora, nos causava a impressão de um retrocesso. E isto foi demonstrado de forma bem clara pelo professor João Carlos de Moraes Sá, da Universidade Estadual de Ponta Grossa-PR (UEPG), ao fazer o balanço do carbono nestas operações. A biomassa produzida pelo milheto gerava uma quantidade de matéria orgânica menor do que aquela consumida pela gradagem, que incorporou suas sementes.
Demos um passo adiante e dois para trás. Esta modalidade de plantio, usando uma grade para incorporar as sementes, tem sérios problemas. O primeiro é o alto gasto de sementes. Para compensar muitas sementes que se perdem ou não conseguem se estabelecer, o produtor semeia “grão” de milheto, ao invés de sementes selecionadas, ano após ano, sem renovar a base genética de sua variedade. Além disso, há a destruição da matéria orgânica do solo, pois, com raras exceções, a operação de incorporação das sementes do milheto com grades niveladoras acaba sendo realizada também com a finalidade de eliminar alguma vegetação existente no terreno, vindo com isso a incorporar grande parte da palhada ali existente, que sofre rápida decomposição e se perde. Os dados de pesquisa do professor mostram que a palhada do milheto introduz no sistema cerca de 500 quilos de carbono por hectare, enquanto que a perda provocada pela incorporação da sua semente é próxima de mil quilos de carbono por hectare, com nítido desbalanço.
Ao incorporar o milheto, a grade revolve o solo de maneira a permitir a germinação de grande quantidade de sementes de ervas daninhas, que acabam permanecendo junto ao milheto, vindo a ser problema mais tarde. A grade também oferece risco de erosão, pois muitas vezes ocorrem chuvas pesadas entre a incorporação das sementes e o estabelecimento da cultura, pegando o solo descoberto e desprotegido, vindo a provocar fortes erosões.
O próprio professor tentou formas diferentes de se fazer a incorporação das sementes, e uma delas foi o uso do correntão. Aquele mesmo correntão que derrubou muito cerrado, com algumas adaptações simples, está se transformando numa grande inovação do plantio direto, ao fazer a incorporação das sementes de culturas para cobertura morta sem os inconvenientes da grade e com um rendimento muito maior. Dentre as principais vantagens apontadas para o uso do correntão estão um maior rendimento operacional, com menor custo; menor incorporação de palhada, consumindo muito menos matéria orgânica do que uma grade e gerando uma quantidade de CO2 muito menor, com reduzido impacto no efeito estufa; ausência de impactos à estrutura do solo, reduzindo o risco de compactação e conseqüentemente de erosão; e a possibilidade de uso para “deitar” as plantas de milheto antes da dessecação, facilitando a pulverização e o plantio em seguida.
O uso do correntão já está se configurando em uma grande inovação e avanço tecnológico para os adeptos do Plantio Direto em todo o país.


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